terça-feira, 2 de dezembro de 2008

COMPAIXÃO

Era uma vez um velho, muito velho quase cego e surdo, com os joelhos tremendo. Quando se sentava à mesa para comer, mal conseguia segurar a colher. Derramava a sopa na toalha e, quando afinal, acertava a boca deixava sempre cair um bocado pelos cantos. O filho e a nora dele achavam que era uma porcaria e ficavam com nojo.
Finalmente, acabaram fazendo o velho se sentar num canto atrás do fogão. Levavam comida para ele numa tigela de barro e o que era pior, nem lhe davam o bastante. O velho olhava para a mesa com os olhos compridos, muitas vezes cheios lágrimas.
Um dia, suas mãos tremeram tanto que ele deixou a tigela cair no chão e ela se quebrou. A mulher ralhou com ele, que não disse nada, só suspirou. Depois ela comprou uma gamela de madeira bem baratinha e era ali que ele tinha de comer.
Um dia, quando estavam todos sentados na cozinha, o neto do velho, que era um menino de quatro anos, estava brincando com uns pedaços de pau.
- O que você está fazendo? Perguntou o pai.
- Estou fazendo um cocho, para papai e mamãe poderem comer quando eu crescer.
O marido e a mulher se olharam durante algum tempo e caíram no choro. Depois disso, trouxeram o avô de volta para a mesa. Desde então passaram a comer todos juntos, mesmo quando o velho derramava alguma coisa, ninguém dizia nada. A compaixão é uma das virtudes do ser Humano.

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